29.1.03
Volta e meia termos como "pós-humano", "transhumano" e "ciborgue" aparecem por aqui. Esse artigo não só os explica, mas traça uma breve história dessas idéias.
Cool is a product of mid-twentieth century consumerism. That is, a manufactured product, like cling film or toothpaste. There's nothing natural about it at all. Cool is as toxic and immortal as polystyrene. After a nuclear war, all that will remain is cockroaches wearing sunglasses listening to the Velvet Underground while reading THE INVISIBLES
27.1.03
Quando eu crescer, quero que meus trabalhos sejam esculhambados com tanto cuidado quanto esse cara esculhambou os Livros do Mal. Galera e Pellizzari - os editores - obviamente responderam à crítica, sem chiliques ou egotrips.
Tomara que o autor do texto diga mais alguma coisa sobre o assunto. Me ligo nesses debates.
Eu, cá do meu lado, acho que o crítico faz uma série de comentários pertinentes, mas ao mesmo tempo cobra dos livros coisas que eles (pelo menos os que li) claramente não se compromentem em entregar.
Tomara que o autor do texto diga mais alguma coisa sobre o assunto. Me ligo nesses debates.
Eu, cá do meu lado, acho que o crítico faz uma série de comentários pertinentes, mas ao mesmo tempo cobra dos livros coisas que eles (pelo menos os que li) claramente não se compromentem em entregar.
25.1.03
Quem é mais importante nos quadrinhos? Artistas ou escritores? Mark Millar tenta responder.
Eu - particularmente - acho os escritores mais importantes. Mesmo que sem desenhistas os quadrinhos não fossem quadrinhos, poucas vezes um arte ruim me impediu de ler uma história boa. Já o contrário acontece com uma freqüência razoável.
Eu - particularmente - acho os escritores mais importantes. Mesmo que sem desenhistas os quadrinhos não fossem quadrinhos, poucas vezes um arte ruim me impediu de ler uma história boa. Já o contrário acontece com uma freqüência razoável.
22.1.03
Espera-se qie - como aconteceu com o video cassete e a Internet - a pornografia alavanque a venda da próxima geração de telefones celulares. Mais interessante que isso, é imaginar que formas de pornografia serão favorecidas pelas possibilidades dessas novas tecnologias.
E - antes que você me chame de pervertido - meu interesse na questão é simplesmente sociológico.
E - antes que você me chame de pervertido - meu interesse na questão é simplesmente sociológico.
In short, being innovative flies in the face of what almost all parents want for their children, most CEOs want for their companies, and heads of states want for their countries. And innovative people are a pain in the ass.
O número de coletivos de artistas vem crescendo nos últimos anos. A idéia de trabalhar em sintonia com um grupo de artistas parece promissora - desde que se mantenha uma produção independente do coletivo. Oara mim, a idéia soa mais como uma moda do que como uma tendência real. Ou os participantes dessas entidades grupais são muito mais maduros que a média dos artistas.
21.1.03
Terminei Alta Fidelidade. Já desconfiava que ia ser assim, mas o livro me assustou um pouco pela proximidade de certas coisas. Principalmente uma das conversas do capítulo 27.
Apesar de faltar John Cusack, o livro tem uma grande vantagem sobre o filme: depois que o casal volta, eles passam um bom tempo se acertando e isso é mostrado cuidadosamente. Coisa que me fez falta no filme.
Minhas preocupações quanto aos efeitos do livro sobre outros assuntos se provaram infundadas. Não posso culpar Nick Horby de nada.
Apesar de faltar John Cusack, o livro tem uma grande vantagem sobre o filme: depois que o casal volta, eles passam um bom tempo se acertando e isso é mostrado cuidadosamente. Coisa que me fez falta no filme.
Minhas preocupações quanto aos efeitos do livro sobre outros assuntos se provaram infundadas. Não posso culpar Nick Horby de nada.
Algum dia da semana passada, recebi os primeiros dois números dum zine chamado Plataform, escrito pela americana Elizabeth Genco. Plataform conta as aventuras de Genco nas estações de metrô de Nova York, onde ela toca violino, tentando superar a timidez de se apresentar em público.
O zine é muito bem escrito e é uma excelente observadora das pessoas ao redor dela. Eu encomendei o zine sem ter muita idéia do que era, mais por conta do subtítulo - Notes From The Underground - e fique um tanto decepcionado quando li a apresentação do primeiro número e vi do que se tratava. A surpresa veio quando (depois de perder os zines e encontrá-los) insisti na leitura e descobri um olhar bem interessante sobre NY.
Plataform pode ser encomendado np seguinte endereço:
Elizabeth Genco
P.O. Box 22722
Brooklyn, New York
11202-2722
Cada edição (existem duas até o momento) custa US$2.00.
O zine é muito bem escrito e é uma excelente observadora das pessoas ao redor dela. Eu encomendei o zine sem ter muita idéia do que era, mais por conta do subtítulo - Notes From The Underground - e fique um tanto decepcionado quando li a apresentação do primeiro número e vi do que se tratava. A surpresa veio quando (depois de perder os zines e encontrá-los) insisti na leitura e descobri um olhar bem interessante sobre NY.
Plataform pode ser encomendado np seguinte endereço:
Elizabeth Genco
P.O. Box 22722
Brooklyn, New York
11202-2722
Cada edição (existem duas até o momento) custa US$2.00.
O Guardian publicou matérias sobre um tema que não deveria ter nada de polêmico: o uso de tortura no interrogatório de terroristas.
Não importa a ameaça, se você é uma sociedade pós-iluminismo, que acredita em valores universais, torturar é errado e pronto. Independente de razões práticas, o conjunto de valores que os ocidentais usam para justificar suas intervenções no resto do mundo torna a tortura um tabu.

Não importa a ameaça, se você é uma sociedade pós-iluminismo, que acredita em valores universais, torturar é errado e pronto. Independente de razões práticas, o conjunto de valores que os ocidentais usam para justificar suas intervenções no resto do mundo torna a tortura um tabu.
Muita gente reclamou da adição de 25 anos antes que uma obra entre em domínio público. Mas ninguém lembra de como o Mickey se sente com isso. O camundongo deu uma entrevista sobre o assunto.
Muita gente reclamou da adição de 25 anos antes que uma obra entre em domínio público. Mas ninguém lembra de como o Mickey se sente com isso. O camundongo deu uma entrevista sobre o assunto.
20.1.03
I get bored quickly. Keeping several things on the go at once guarantees that every day there's going to be something I feel like working on.
Dia de Gibi Novo:Finals
Quem acompanha este blog há algum tempo, já deve ter me visto falando do meu projeto de conclusão de curso. Quem prestou atenção percebeu que era algo relacionado à cibercultura. Eu havia decidido - ainda em 2000 - que me formaria com um curso online de introdução à cibercultura. Eu já tinha lido quase tudo que precisava, planejado os módulos, começado a escrever os temas e coisas do tipo. Daí comecei a achar o projeto muito chato e larguei para lá.
Resolvi analisar os mecanismos de simulação em um jogo de computador. Algo mais interessante e muito mais difícil, uma vez que nem a bibliografia toda eu tinha lido. Mas eu fiquei empolgado com a idéia de tentar algo novo, algo que avança um átimo a questão. Independente das dificuldades, o risco de bombar vale à pena.
Ontem eu li Finals e - novamente - achei meu trabalho muito chato.
Como é que uma simples monografia pode ter alguma graça quando compara à criação de um culto em torno da minha personalidade? Os projetos de conclusão são hilários e absurdos. Nancy estuda religião comparada e resolveu criar um culto em torno se si. Dave Oswald tem uma teoria - testada empiricamente - sobre assaltos. Um estudante está construindo uma máquina do tempo. Outro, de política internacional, causando uma guerra no Oriente Médio. E o protagonista da série - Wally Maurer - só fica enrolando com um tal de "cinema super-verité".
A história - escrita por Will Pfeifer, com desenhos de Jill Thompson - é uma comédia de humor negro e crítica social daquelas que não se vê todo dia. Aquelas coisas realmente interessantes que a Vertigo parou de publicar em favor de mais uma cópia de Sandman.
Depois de ter lido Finals, fico ainda mais arrependido de não ter ido estudar em outro canto em vez de ficar em Salvador mesmo. Acho que vou entrar em contato com a Knox State University - uma universidade que tem uma idéia um pouco diferente de educação: mais que poder, educação é força. Então, por lá, só os fortes se formam - a maioria dos outros morre no caminho.
Isso que é educação.
Quem acompanha este blog há algum tempo, já deve ter me visto falando do meu projeto de conclusão de curso. Quem prestou atenção percebeu que era algo relacionado à cibercultura. Eu havia decidido - ainda em 2000 - que me formaria com um curso online de introdução à cibercultura. Eu já tinha lido quase tudo que precisava, planejado os módulos, começado a escrever os temas e coisas do tipo. Daí comecei a achar o projeto muito chato e larguei para lá.
Resolvi analisar os mecanismos de simulação em um jogo de computador. Algo mais interessante e muito mais difícil, uma vez que nem a bibliografia toda eu tinha lido. Mas eu fiquei empolgado com a idéia de tentar algo novo, algo que avança um átimo a questão. Independente das dificuldades, o risco de bombar vale à pena.
Ontem eu li Finals e - novamente - achei meu trabalho muito chato.
Como é que uma simples monografia pode ter alguma graça quando compara à criação de um culto em torno da minha personalidade? Os projetos de conclusão são hilários e absurdos. Nancy estuda religião comparada e resolveu criar um culto em torno se si. Dave Oswald tem uma teoria - testada empiricamente - sobre assaltos. Um estudante está construindo uma máquina do tempo. Outro, de política internacional, causando uma guerra no Oriente Médio. E o protagonista da série - Wally Maurer - só fica enrolando com um tal de "cinema super-verité".
A história - escrita por Will Pfeifer, com desenhos de Jill Thompson - é uma comédia de humor negro e crítica social daquelas que não se vê todo dia. Aquelas coisas realmente interessantes que a Vertigo parou de publicar em favor de mais uma cópia de Sandman.
Depois de ter lido Finals, fico ainda mais arrependido de não ter ido estudar em outro canto em vez de ficar em Salvador mesmo. Acho que vou entrar em contato com a Knox State University - uma universidade que tem uma idéia um pouco diferente de educação: mais que poder, educação é força. Então, por lá, só os fortes se formam - a maioria dos outros morre no caminho.
Isso que é educação.
18.1.03
É impressão minha ou David Rees - o autor de Get Your War On - começa a circular mais nos media conforme os americanos vão perdendo o entusiasmo com a posibilidade de uma guerra com o Iraque?
Fato 1: Eu tenho uma pilha de livros que não tenho muita idéia do que têm dentro. Vários universos de possibilidades, descritos brevemente em orelhas ou nas recomendações de amigos - sem falar naqueles que ganhei ou comprei por estarem muito baratos.
Fato 2: Eu ando bastante interessado por uma garota. ("Garota" o diabo, é uma "menina" mesmo. Se estou interessado é uma "menina", sem importar a idade). Se não tomar cuidado, posso escorregar e me apaixonar. Coisa que duvido seria produtivo no caso em questão.
Pergunta: Por que infernos eu estou lendo Alta Fidelidade (Nick Horby), então? Já assisti o filme não sei quantas vezes (e choro toda a vez), já vi os extras no DVD e li um trecho aqui e ali nas livrarias.
Me perdoem se eu começar a colocar pedaços do livro aqui. E - se você se encontrar comigo por aí - eu tentar imitar Cussack enquanto cito passagens.
Às vezes eu sou muito burro. Muito.
Fato 2: Eu ando bastante interessado por uma garota. ("Garota" o diabo, é uma "menina" mesmo. Se estou interessado é uma "menina", sem importar a idade). Se não tomar cuidado, posso escorregar e me apaixonar. Coisa que duvido seria produtivo no caso em questão.
Pergunta: Por que infernos eu estou lendo Alta Fidelidade (Nick Horby), então? Já assisti o filme não sei quantas vezes (e choro toda a vez), já vi os extras no DVD e li um trecho aqui e ali nas livrarias.
Me perdoem se eu começar a colocar pedaços do livro aqui. E - se você se encontrar comigo por aí - eu tentar imitar Cussack enquanto cito passagens.
Às vezes eu sou muito burro. Muito.
17.1.03
Grant Stoddart é um herói da ciência. Quem mais tentaria passar uma semana com um... "restritor de movimentos penianos" é um bom nome?
13.1.03
Blantire Urban Governor Eric Chiwaya, a member of the ruling United Democratic Front, was the latest victim of a bizarre rumor that the country's government is colluding with vampires to collect human blood for international aid agencies.
O Horóscopo da Nerve é o único que eu leio. Independente das "previsões" e conselhos serem ou não razoáveis (os desta semana são), a leitura sempre é divertida.
10.1.03
Philip Pullman começou a escrever um texto sobre a relação entre a literatura e o mundo, fugiu totalmente do assunto e ainsa assim escreveu um dos melhores textos que já li sobre as responsabilidades de um escritor - que são todas com a história a ser contada.
Tem um bom tempo que não compro uma revista. Houve um tempo em que elas eram mais interessantes, daí apareceu a Internet e eu passei a só comprar revistas que não tinham seu conteúdo na rede. Depois disso, o dólar aumentou muito e eu descobri uns buracos de rato muito interessantes (principalmente fóruns) e meio que desisti das revistas de papel. Acho que me livrei do vício.
Grand Theft Auto: Vice City está na lista final de um prêmio de design (concorrendo com jóias, o iPod e candelabros). Ao contrário dos outros concorrentes, GTA está sendo censurado pelo próprio comitê do prêmio.
Using a rare alignment of Jupiter against a far-off quasar, scientists for the first time have succeeded in measuring the speed of gravity, a fundamental constant of physics described by Albert Einstein in his general theory of relativity.
Meu projeto de música eletrônica vai chamar The Speed of Gravity, Tá rebocado.
9.1.03
Os debates e considerações sobre a pena de morte me fascinam a não mais poder. Um dos aspectos que mais me fascina é a mudança de opinião das pessoas, já que eu mesmo mudei. Como o processo foi gradualmente e sem nenhum sistema do apoio à pena à intolerância completa, os depoimentos de quem teve uma experiência mais organizada me interessam muito.
It feels like it's time for a non-ironic recommitment to the glorious pop essentials that make Comics work and the wholehearted embracing of the mania and energy of the form joined hand-in-hand with an unpretentious execution and sincere heart. A new energy, a new sincerity. This isn't Pop Comics anymore-- to again belabor an already shaggy dog metaphor-- This is more like Garage Comics.
8.1.03
7.1.03
6.1.03
Se os inventores do Xerox PARC dos anos 60 fossem a um escritório de hoje, eles iam ficar muito decepcionados com a quantidade de papel entulhando o lugar.
Há um pouquinho mais de vinte anos, a Arpanet se juntou com um punhado de outras redes e a Internet nasceu. E - goste ou não - ela parece ter mudado a vida do planeta para sempre.
Às vezes aparece um teste interessante. Estes - feitos por membros de uma organização que prega maior tolerância - mostra seus preconceitos.
4.1.03
A Wired elaborou uma lista dos vaporware que se destacaram em 2002. Pela primeira vez, produtos de listas anteriores apareceram novamente.
Love and fellowship is never cool. Obviously. Otherwise we'd have all the kids hanging around corners in the Estate dressed up as Ben Kingsley in GANDHI rather than in SEXY BEAST. What's cool is breaking shit, metaphorically or otherwise.
Dia de Gibi Novo: Global Frequency 1 e 2 e MEK 1
Quadrinhos "de ação" são a regra na indústria americana. Infelizmente, a maioria deles lida com super-heróis - coisa que a cada dia me interessa menos. Mesmo coisas como The Authority e New X-Men - que dispensam muitas das regras do gênero - às vezes usam algumas das fórmulas desse tipo de ficção. Global Frequency - escrita por Warren Ellis e desenhada por 12 artistas diferentes - é uma tentativa de fazer quadrinhos de ação sem os tais super-seres.
E funciona.
A premissa é muito bem bolada. Existem mil e uma pessoas na Global Frequency, uma organização formada por especilistas nas mais diversas áreas que lidam com emergências que exércitos e governos ão podem ou querem lidar. A Global Frequency é liderada por Miranda Zero, uma ex-agente que conseguiu chantagear alguns governos em manter a organização.
A série - formada por doze episódios sem muita ligação - poderia ser perfeitamente uma série de tv. E é bem clara a intenção de Ellis nisso. Há dois personagens recursivos - Miranda Zero e Aleph, a responsável pela comunicações - e só. Todos os outros são dispensáveis. Só isso já torna Global Frequency diferente dos quadrinhos de supers: os índices de mortalidade são bem altos.
Depois de The Authority e Transmetropolitan - onde a ação transcorria por páginas e páginas - é estranho o ritmo acelerado de Global Grequency. O negócio aqui são as idéias, Ellis só tem 22 páginas então as cenas de ação são tratadas sem muitos detalhes - o que é permite com que elas ganhem uma força na mente do leitor que compensa a falta de "espetacularidade" que os puny humans da história imporiam a elas.
A primeira história - Bombhead (arte de Garry Leach) - trata de um sujeito que tem o poder de abrir túneis de teleporte. Ele está fora de controle e os agentes da Global Frequency tentam capturá-lo. O mais legal dessa edição é ver como o grupo se organiza. Aleph é a responsável por descobrir quem são os agentes mais indicados para cada emergência. Cada um deles tem um celular estranho e um nímero. Ao se conectar, cada agente ouve o bordão da série: You are on the global frequency.
A segunda história - Big Wheel (arte de Glenn Fabry) - mostra agentes indo até um complexo militar para deter um ciborgue que pirou. Ao contrário do que seria esperado, os ciborgue não é nada limpinho - sendo mais uma massa de carne e máquinas presa a um cérebro humano. Apesar de não ficar se perdendo em tagarelizes técnicas, a história é hard sci-fi, evitando soluções fáceis e explorando idéias bastante interessantes sobre modificações no corpo.
Modificações corporais parecem ser um dos temas preferidos de Ellis. MEK - série em três edições - explora o que aconteceria (ou vai acontecer) se tecnologias cibernéticas chegarem às ruas. Extrapolando a cultura atual de modificações corporais, Ellis documenta uma cultura de jovens com muito dinheiro para gastar em peças que muitas vezes não tem nenhuma utilidade. O mundo de MEK é muito rico visualmente, apesar das ilustrações de Steve Rolston serem um pouco limpas demais para o tema, se alguém me perguntou alguma coisa.
Se a primeira edição é uma amostra confiável, MEK peca por tentar contar uma história - cuja estrutura parece vir dos pulps de mistério - quando Ellis que mais é traçar o panorama cultural. Um problema muito comum à ficção científica, aliás.
Quadrinhos "de ação" são a regra na indústria americana. Infelizmente, a maioria deles lida com super-heróis - coisa que a cada dia me interessa menos. Mesmo coisas como The Authority e New X-Men - que dispensam muitas das regras do gênero - às vezes usam algumas das fórmulas desse tipo de ficção. Global Frequency - escrita por Warren Ellis e desenhada por 12 artistas diferentes - é uma tentativa de fazer quadrinhos de ação sem os tais super-seres.
E funciona.
A premissa é muito bem bolada. Existem mil e uma pessoas na Global Frequency, uma organização formada por especilistas nas mais diversas áreas que lidam com emergências que exércitos e governos ão podem ou querem lidar. A Global Frequency é liderada por Miranda Zero, uma ex-agente que conseguiu chantagear alguns governos em manter a organização.
A série - formada por doze episódios sem muita ligação - poderia ser perfeitamente uma série de tv. E é bem clara a intenção de Ellis nisso. Há dois personagens recursivos - Miranda Zero e Aleph, a responsável pela comunicações - e só. Todos os outros são dispensáveis. Só isso já torna Global Frequency diferente dos quadrinhos de supers: os índices de mortalidade são bem altos.
Depois de The Authority e Transmetropolitan - onde a ação transcorria por páginas e páginas - é estranho o ritmo acelerado de Global Grequency. O negócio aqui são as idéias, Ellis só tem 22 páginas então as cenas de ação são tratadas sem muitos detalhes - o que é permite com que elas ganhem uma força na mente do leitor que compensa a falta de "espetacularidade" que os puny humans da história imporiam a elas.
A primeira história - Bombhead (arte de Garry Leach) - trata de um sujeito que tem o poder de abrir túneis de teleporte. Ele está fora de controle e os agentes da Global Frequency tentam capturá-lo. O mais legal dessa edição é ver como o grupo se organiza. Aleph é a responsável por descobrir quem são os agentes mais indicados para cada emergência. Cada um deles tem um celular estranho e um nímero. Ao se conectar, cada agente ouve o bordão da série: You are on the global frequency.
A segunda história - Big Wheel (arte de Glenn Fabry) - mostra agentes indo até um complexo militar para deter um ciborgue que pirou. Ao contrário do que seria esperado, os ciborgue não é nada limpinho - sendo mais uma massa de carne e máquinas presa a um cérebro humano. Apesar de não ficar se perdendo em tagarelizes técnicas, a história é hard sci-fi, evitando soluções fáceis e explorando idéias bastante interessantes sobre modificações no corpo.
Modificações corporais parecem ser um dos temas preferidos de Ellis. MEK - série em três edições - explora o que aconteceria (ou vai acontecer) se tecnologias cibernéticas chegarem às ruas. Extrapolando a cultura atual de modificações corporais, Ellis documenta uma cultura de jovens com muito dinheiro para gastar em peças que muitas vezes não tem nenhuma utilidade. O mundo de MEK é muito rico visualmente, apesar das ilustrações de Steve Rolston serem um pouco limpas demais para o tema, se alguém me perguntou alguma coisa.
Se a primeira edição é uma amostra confiável, MEK peca por tentar contar uma história - cuja estrutura parece vir dos pulps de mistério - quando Ellis que mais é traçar o panorama cultural. Um problema muito comum à ficção científica, aliás.
As Colunas de 2002
A melhor coluna de 2002 não está disponível na Web. A única maneira de ler Bad Signal - o blog que não é bem blog escrito por Warren Ellis - é assiná-la, mandando um e-mail em branco para badsignal-subscribe@lists.flirble.org. Além de falar do seu próprio trabalho, Ellis faz considerações bastante interessantes sobre a cultura pop e volta e meia aparece com alguma história interessante.
Quem conhece a Bad Signal percebeu imediatamente de onde veio o modelo da minha Aoristo e da Memorando, do Hector Lima.
Mais ou menos na mesma linha vão a Permanent Damage (Steven Grant) e Poplife (Matt Fraction) - que apareceram com muitos links aqui ano passado. As duas deveriam tratar prioritariamente de quadrinhos, mas às vezes nem tocam no assunto. A primeira tem um viés poítico (e esquerdista) fortíssimo e é um grande atalho para quem quer entender as modificações no panorama político-cultural norte-americano. A segunda é o diário do primeiro ano de Fraction como profissional de quadrinhos. As melhores colunas são as que ele trata do dia a dia da MK12, a produtora na qual ele trabalha.
Outra coluna fascinante é a Everyday Economics (Steven E. Landsburg), que trata de problemas relativos à economia. Como a lógica econômica por trás das surras ou o melhor modo de descascar uma banana. A Slate também publica a Egghead (Jim Holt), lidando com assuntos "difíceis".
Não que esteja entre as melhores colunas do ano, mas em 2002 comecei a minha, no A Tarde. Infelizmente nã posso linkar para a Cabeceira - que trata de livros - por conta do jornal ter trancado o conteúdo. Em 2003, vou voltar a falar de quadrinhos. Depois da curta expirência na Esquadrinhando, no Omelete, devo começar a publicar uma coluna sobre o tema no Escritório Noturno. Vamos ver se essa dura mais.
Ah, sugestões de nomes são apreciadas.
A melhor coluna de 2002 não está disponível na Web. A única maneira de ler Bad Signal - o blog que não é bem blog escrito por Warren Ellis - é assiná-la, mandando um e-mail em branco para badsignal-subscribe@lists.flirble.org. Além de falar do seu próprio trabalho, Ellis faz considerações bastante interessantes sobre a cultura pop e volta e meia aparece com alguma história interessante.
Quem conhece a Bad Signal percebeu imediatamente de onde veio o modelo da minha Aoristo e da Memorando, do Hector Lima.
Mais ou menos na mesma linha vão a Permanent Damage (Steven Grant) e Poplife (Matt Fraction) - que apareceram com muitos links aqui ano passado. As duas deveriam tratar prioritariamente de quadrinhos, mas às vezes nem tocam no assunto. A primeira tem um viés poítico (e esquerdista) fortíssimo e é um grande atalho para quem quer entender as modificações no panorama político-cultural norte-americano. A segunda é o diário do primeiro ano de Fraction como profissional de quadrinhos. As melhores colunas são as que ele trata do dia a dia da MK12, a produtora na qual ele trabalha.
Outra coluna fascinante é a Everyday Economics (Steven E. Landsburg), que trata de problemas relativos à economia. Como a lógica econômica por trás das surras ou o melhor modo de descascar uma banana. A Slate também publica a Egghead (Jim Holt), lidando com assuntos "difíceis".
Não que esteja entre as melhores colunas do ano, mas em 2002 comecei a minha, no A Tarde. Infelizmente nã posso linkar para a Cabeceira - que trata de livros - por conta do jornal ter trancado o conteúdo. Em 2003, vou voltar a falar de quadrinhos. Depois da curta expirência na Esquadrinhando, no Omelete, devo começar a publicar uma coluna sobre o tema no Escritório Noturno. Vamos ver se essa dura mais.
Ah, sugestões de nomes são apreciadas.
Os Melhores de 2002: Teoria
Eu tinha a impressão de ter lido menos livros de nãp-ficção que no ano anterior, mas a verdade é que li o dobro. Dos que li ano passado, quatro - bastante divergentes - se destacaram.
O primeiro deles foi Cinco Escritos Morais, do super-ninja Umberto Eco. Apesar de não tratarem exclusivamente de ética, os escritos morais resolvem bem uma questão muito interessante: onde estão as raízes de uma ética universal. Independente de como você se posiciona na questão, o ensaio é obrigatório para quem tem uma posição na questão.
O Livro dos Códigos, de Simon Singh, é a mistura ideal de dibulgação científica e histórias de espionagem. O tema - a hisdtória da criptografia - ajuda bastante, mas a maneira que o autor consegue misturar os dois aspectos do negócio em uma unidade é impressionante. Obviamente, o melhor capítulo é o que trata da corrida para quebrar a Enigma - a máquina criptográfica açemã.
Eu tenho problemas com escritos políticos e manifestos. A maioria dos que já li - e admito que não foram muitos - parecem sofrer de uma grande ingenuidade. Ou sã desonestos e obscurecem parte do cenário para serem mais convincentes. Distúrbio Eletrônico (Critical Art Ensemble) não sofre desses males. Apesar de ainda ser um chamado às armas, as estratégias de resistência me pareceram bastante razoáveis.
Outro livro de divulgação científica que me encantou em 2002 foi Uma História do Espaço, de Margaret Wertheim. O livro trata das noções de espaço em diversas épocas, trçando as modificações no conceito desde a idade média até hoje - entrando obrigatoriamente nas questões relativas ao ciberespaço.
Eu tinha a impressão de ter lido menos livros de nãp-ficção que no ano anterior, mas a verdade é que li o dobro. Dos que li ano passado, quatro - bastante divergentes - se destacaram.
O primeiro deles foi Cinco Escritos Morais, do super-ninja Umberto Eco. Apesar de não tratarem exclusivamente de ética, os escritos morais resolvem bem uma questão muito interessante: onde estão as raízes de uma ética universal. Independente de como você se posiciona na questão, o ensaio é obrigatório para quem tem uma posição na questão.
O Livro dos Códigos, de Simon Singh, é a mistura ideal de dibulgação científica e histórias de espionagem. O tema - a hisdtória da criptografia - ajuda bastante, mas a maneira que o autor consegue misturar os dois aspectos do negócio em uma unidade é impressionante. Obviamente, o melhor capítulo é o que trata da corrida para quebrar a Enigma - a máquina criptográfica açemã.
Eu tenho problemas com escritos políticos e manifestos. A maioria dos que já li - e admito que não foram muitos - parecem sofrer de uma grande ingenuidade. Ou sã desonestos e obscurecem parte do cenário para serem mais convincentes. Distúrbio Eletrônico (Critical Art Ensemble) não sofre desses males. Apesar de ainda ser um chamado às armas, as estratégias de resistência me pareceram bastante razoáveis.
Outro livro de divulgação científica que me encantou em 2002 foi Uma História do Espaço, de Margaret Wertheim. O livro trata das noções de espaço em diversas épocas, trçando as modificações no conceito desde a idade média até hoje - entrando obrigatoriamente nas questões relativas ao ciberespaço.
3.1.03
We're the last of our kind; the last generation of people on this planet who will remember a world without super-people.
Os Quadrinhos de 2002
Nos quadrinhos, meu de 2002 foi - em nenhuma dúvida - o ano do Warren Ellis. Li todo seu percurso em The Authority, li Transmetropolitan todo, a maior parte de Stormwatch, Strange Kiss (bem meieiro, aliás), tudo de Planetary que saiu e - no último dia do ano - os dois primeiros números de Global Frequency.
O que mais me impressiona é a variedade e qualidade dos trabalhos. Mesmo que um ou outro fiquem distante das maravilhas que são - por razões totalmente diferentes - Planetary, Transmetropolitan e Global Frequency (até segunda comento melhor essas duas), todas obras são muito superiores à médio do que encontro por aí.
Esse ano finalmente li Maus e tenho que admitir que o hype em torno do negócio é todo merecido. Não costumo gostar de história sobre o Holocausto, uma vez que a maior parte das que li poderia se resumir a "olha o que fizeram com os coitadinhos dos judeus". Spielgman ultrapassa isso de longe ao retratar seu pai, sua luta para sobreviver à Guerra e os efeitos que os eventos tiveram sobre ele.
A melhor história em quadrinhos do ano foi Alec: How to be an Artist, de Eddie Campbell. Li quatro vezes essa mistura de biografia e história do surgimento e desaparecimento da tal graphic novel. Se você se interessa pela história dos quadrinhos, precisa ler esse livro. Aliás, você precisa ler esse livro se é - ou quer ser - qualquer um dos muitos tipos de "artista", se gosta de histórias focadas em personagens ou se gostou de Do Inferno ou qualquer filme de Woody Allen.
Já no final do ano, finalmente consegui ler algo escrito por Brian Wood. Gostei muito de Couscous Express e Pounded, duas hqs que trazem um fôlego diferente para os quadrinhos de ação. Vamos ver se - como todo diz - Channel Zero é melhor que esses.
Também consegui colocar as minhas mãos em Ghost World, de Daniel Clowes. Fiquei impressionado com o retrato que ele desenhou de duas pós-adolescentes perdidas na vida e que passam a maior parte do tempo se dedicando a atividades sem sentido. As histórias que formam o livro são bem humoradas - sarcásticas, até - mas vão se acumulando com uma tristeza inescapável e um cansaço que ecoa direitinho com quem já ficou com vontade de mandar tudo à merda e se negar a crescer.
A descoberta do ano nos quadrinhos foi o português Jose Carlos Fernandes, autor de A Pior Banda do Mundo.
Nos quadrinhos, meu de 2002 foi - em nenhuma dúvida - o ano do Warren Ellis. Li todo seu percurso em The Authority, li Transmetropolitan todo, a maior parte de Stormwatch, Strange Kiss (bem meieiro, aliás), tudo de Planetary que saiu e - no último dia do ano - os dois primeiros números de Global Frequency.
O que mais me impressiona é a variedade e qualidade dos trabalhos. Mesmo que um ou outro fiquem distante das maravilhas que são - por razões totalmente diferentes - Planetary, Transmetropolitan e Global Frequency (até segunda comento melhor essas duas), todas obras são muito superiores à médio do que encontro por aí.
Esse ano finalmente li Maus e tenho que admitir que o hype em torno do negócio é todo merecido. Não costumo gostar de história sobre o Holocausto, uma vez que a maior parte das que li poderia se resumir a "olha o que fizeram com os coitadinhos dos judeus". Spielgman ultrapassa isso de longe ao retratar seu pai, sua luta para sobreviver à Guerra e os efeitos que os eventos tiveram sobre ele.
A melhor história em quadrinhos do ano foi Alec: How to be an Artist, de Eddie Campbell. Li quatro vezes essa mistura de biografia e história do surgimento e desaparecimento da tal graphic novel. Se você se interessa pela história dos quadrinhos, precisa ler esse livro. Aliás, você precisa ler esse livro se é - ou quer ser - qualquer um dos muitos tipos de "artista", se gosta de histórias focadas em personagens ou se gostou de Do Inferno ou qualquer filme de Woody Allen.
Já no final do ano, finalmente consegui ler algo escrito por Brian Wood. Gostei muito de Couscous Express e Pounded, duas hqs que trazem um fôlego diferente para os quadrinhos de ação. Vamos ver se - como todo diz - Channel Zero é melhor que esses.
Também consegui colocar as minhas mãos em Ghost World, de Daniel Clowes. Fiquei impressionado com o retrato que ele desenhou de duas pós-adolescentes perdidas na vida e que passam a maior parte do tempo se dedicando a atividades sem sentido. As histórias que formam o livro são bem humoradas - sarcásticas, até - mas vão se acumulando com uma tristeza inescapável e um cansaço que ecoa direitinho com quem já ficou com vontade de mandar tudo à merda e se negar a crescer.
A descoberta do ano nos quadrinhos foi o português Jose Carlos Fernandes, autor de A Pior Banda do Mundo.
As descobertas de 2002
Em 2002, eu procurei ler um pouco mais dos autores da "novíssima geração de escritores brasileiros" - termo que detesto. Li o razoável Clube dos Corações Solitários (André Takeda) e o péssimo Máquina de Pinball (Clarah Averbuck). E li alguns dos Livros do Mal: Húmus (Paulo Bullar), Dentes Guardados (Daniel Galera), Ovelhas que Voam se Perdem no Céu e O Livro das Cousas que Acontecem (Daniel Pellizzari).
Pois Pellizzari foi unha grande descoberta de 2002. Fiquei encantado com as idéias e prosa dele na sua coletânea de estréia e ainda mais invejoso depois de ler os contos fantásticos de Cousas que Acontecem. O chato é esperar até ele lançar um próximo livro. Enquanto espero, vou me aplicando nos oitro livros que a editora dele e do Galera planeja para esse ano.
Já no finalzinho do ano, ganhei Luna Clara & Apolo Onze, de Adriana Falcão. Apesar de bem diferente do estilo e projeto de Pellizzari, ela também vai para a lista das descobertas do ano.
Em 2002, eu procurei ler um pouco mais dos autores da "novíssima geração de escritores brasileiros" - termo que detesto. Li o razoável Clube dos Corações Solitários (André Takeda) e o péssimo Máquina de Pinball (Clarah Averbuck). E li alguns dos Livros do Mal: Húmus (Paulo Bullar), Dentes Guardados (Daniel Galera), Ovelhas que Voam se Perdem no Céu e O Livro das Cousas que Acontecem (Daniel Pellizzari).
Pois Pellizzari foi unha grande descoberta de 2002. Fiquei encantado com as idéias e prosa dele na sua coletânea de estréia e ainda mais invejoso depois de ler os contos fantásticos de Cousas que Acontecem. O chato é esperar até ele lançar um próximo livro. Enquanto espero, vou me aplicando nos oitro livros que a editora dele e do Galera planeja para esse ano.
Já no finalzinho do ano, ganhei Luna Clara & Apolo Onze, de Adriana Falcão. Apesar de bem diferente do estilo e projeto de Pellizzari, ela também vai para a lista das descobertas do ano.
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